quarta-feira, 9 de julho de 2008

Mistérios da credibilidade...

«O Diário de Notícias de hoje ( notícia aqui, via In Verbis) , publica uma reportagem, com chamada destacada, na primeira página, sobre escutas e vigilância ilegal, supostamente realizada por um departamento da Polícia Judiciária.

O assunto, demasiado grave, assume contornos ainda mais misteriosos depois da negação peremptória dessa notícia, que o director nacional e um sub-director da PJ, fizeram, hoje de manhã, anunciando a instauração de um processo crime ao jornal e autor da notícia.

Pode dizer-se: é o mínimo, perante esta enormidade de escândalo que se anuncia.

E no entanto, o jornalista do DN, ouviu pelo menos uma fonte, da PJ, que citou outras fontes, também daquela polícia e que assumem o teor da notícia e a existência de encomendas, por quem tem poder para tal, no sentido da vigilância ilegal, ilegítima e criminosa, no fim de contas.

O modo como o jornal conta os pormenores rocambolescos do encontro com o "arrependido", da PJ, merecem destaque:

"À entrada do restaurante a fonte do DN olhou em volta e escolheu a mesa mais próxima da televisão. Pensamos nas notícias que lhe pudessem interessar. Porém, explicou tratar-se do lugar mais seguro para evitar que a conversa fosse escutada. Entretanto, percebemos que a nossa volta em redor do edifício, antes de entrarmos, servira para verificar se por ali estaria estacionada alguma viatura suspeita. Todos os cuidados são poucos. Aconteceu ali a conversa com alguém conhecedor dos fantasmas que, por vezes, provocam “barulhinhos” nos telemóveis. Os tais “barulhinhos” denunciados pelo Procurador-Geral da República, mas que acabaram em águas de bacalhau. Mas que existem…Segundo a nossa fonte, os meios de espionagem do Departamento Central de Prevenção e Apoio Tecnológico (DCPAT), a “secreta” da Policia Judiciária (PJ), são muitos e sofisticados.A “mala”, com capacidade para interceptar comunicações, consegue, por exemplo, registar os números e IMEI (número de série) dos telemóveis que se encontrem ligados num raio demais ou menos 100 metros. Aquele sistema encontra-se colocado numa viatura estrategicamente estacionada e, desde aí, os agentes podem, depois, escutar as conversas em tempo real. Tudo isto sem que as operadoras de telemóvel tomem conhecimento, e sem mandado judicial.Como apoio de uma viatura no exterior, o DCPAT tem também a capacidade de acompanhar em directo, por áudio e vídeo, a conversa entre um agente e um suspeito. A micro câmara é colocada, por exemplo, na gravata. Está igualmente apetrechado para anular a rede de telemóvel num determinado local. Isto impede, por exemplo, o accionamento de uma bomba por telefone.Estes meios, e muitos outros são usados, por vezes, à margem da lei. Os agentes nunca aparecem, para não terem de ser mudados. Mesmo se a missão é legal, no âmbito de uma investigação, os relatórios são assinados pelos inspectores encarregues do caso, assumindo-os perante o tribunal, como se tivessem sido eles a realizar as diligências. Ou seja, testemunham falso. Toda a gente sabe. "

Evidentemente, as suspeitas, como se pode ver, fundadas, no sentido de existência de algo anormal, recaem sobre pessoal da polícia que tem por objectivo recolher informação, sob um comando.

Esse comando, tem nomes de responsáveis directos, aliás indicados na notícia: João Carreira e Sá Teixeira.

É a honra profissional deles que fica em causa, com esta notícia do DN. Presumem-se inocentes, como todo o acusado sem provas declaradas válidas, por um tribunal.

Para nosso bem, esperamos que sejam verdadeiramente inocentes e sem mácula deste jaez. A dúvida, porém, já foi instalada e importa esclarecer tudo e no mais curto espaço de tempo possível.

Como? Não será certamente nos processos crime anunciados. Será efectivamente, através do apuramente da credibilidade que merece a notícia publicada, nomeadamente da sua fonte ou fontes directas. Nenhum jornalista está livre de acreditar num paranóico ou perturbado mental, decidido a contar histórias mirabolantes. Nenhum está livre de ser manipulado por um transviado do dever que decide trair uma instituição por motivos dúbios ou mesmo aceitáveis.

Mas todo o jornalista está obrigado a saber distinguir a verdade, de uma manipulação, através de perícia profissional de quem está habituado a sentir o feeling de verdade numa notícia.

Um denunciante deste calibre, só pode e tem de ser visto e ouvido como um autêntico "whistle blower", figura grada dos americanos e que por cá, se costuma apelidar de bufo, cobarde e outros epítetos reservados aos anónimos preocupados com o bem estar geral e comum.

E é isso que não sabemos da notícia do DN. Não podemos aferir a credibilidade da fonte do jornalista, porque não podemos saber se merece mesmo credibilidade. Saberá o jornalista ao menos, como parece indicar?

No jornalismo português, ao contrário de um certo jornalismo americano, com base nos Washington Post e New Yor Times, uma notícia destas, só sairia, com grande base de sustentação em factos recolhidos e aceites pela direcção do jornal como válidos. O exemplo, reside no caso Watergate e no que ele ensina ao jornalismo em geral.

O Diário de Notícias português merece a mesma credibilidade, num caso como este?

Tenho dúvidas. Sérias dúvidas, perante o modo como o jornal actuou em outros casos menores. E tenho dúvidas que a direcção do jornal tenha bem presente a gravidade e implicação séria do que acaba de publicar.

Assim, o que resulta da notícia do DN e do desmentido da direcção nacionald a PJ, é um enorme vazio de credibilidade indiscutível, que atinge tanto um como outro campo. No jornalismo, não podemos confiar cegamente em quem nos pode já ter iludido ou em quem não se assegurou previamente da gravidade de uma denúncia destas, recolhendo provas para além da mera denúncia de um qualquer arrependido feito "garganta funda".

Na PJ, não poderemos acreditar também, cega e piamente, porque estas coisas não se podem desmentir assim. Pode apenas desmentir-se que a PJ enquanto instituição, não pactua nem pode pactuar com estes métodos, ilegais e criminosos. Foi esse o sentido do desmentido, mas não é esse o motico da preocupação pública que já não é nova e até entidades oficias, o tem insinuado.

No entanto, nunca uma instituição, pode garantir que um ou outro dos seus membros, se tiver tempo, oportunidade e motivo para tal, não venha a cometer ilícitos dentro dos mesmos muros que albergam a direcção nacional da polícia. Como aliás, se comprovou recentemente, com a detecção de acções deste género, da responsabilidade de um agente.

Para a descoberta deste mistério, num sentido ou noutro, ou seja, para se saber, com saber certo, se alguém andou a pisar o risco da legalidade, só mesmo um Sherlock Holmes.

Ou um Columbo...

O que é dramático».

In; http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2008/07/mistrios-da-credibilidade.html#links

5 comentários:

Anónimo disse...

Ele há coisas do...
Se nos lembrar-mos, no ano passado por esta altura, era a D.CI.T.E. que estava no "pelourinho".
Toda a imprensa "marrava" contra ela.
Até havia "dossiers" misteriosos que alguns jornalistas tinham investigado.
Rolaram cabeças. Fez-se sangue.
Finalmente, a montanha pariu um rato.
Nada se provou. O pessoal da D.C.I.T.E. era, afinal, honesto, competente e profissional.
Contudo, a D.C.I.T.E saíu muitíssimo prejudicada de toda esta encenação e, ainda hoje, lambe as suas feridas.
Entretanto, os resultados operacionais baixaram significativamente.
Agora é o D.C.P.A.T. que está a ser vítima das "vozes do povo".
Até quando ? Por quê ?
Será que agora, quando chega Julho, é a hora da Polícia Judiciária ?
A quem serve esta estratégia ?
Quem defende o pessoal da P.J. ?
De qualquer forma, preparemo-nos, para o ano, em Julho, outro sector da P.J. será escolhido para alvo.
Aceitam-se apostas sobre qual será a próxima vítima.
A menos que, antes disso, se extinga a P.J. ou se integre noutra estrutura, o que vai dar ao mesmo.
Será esse o objectivo ?

Anónimo disse...

Eu penso que quem bufou isto a um jornalista é um daqueles tótós licenciados que veio para cá porque não tinha trabalho em mais lado nenhum, por falta de aptidão psicotécnica. Como nunca fez nada na vida, nem sabe fazer, resolveu " amantizar-se" com jornalistas. A culpa é de quem abriu as portas da PJ a toda a escumalha, que não respeita aqueles, felizmente muitos ainda, que gostam disto e do trabalho que fazem. Rua com eles todos.

Anónimo disse...

Pois...

Mas mesmo assim não há dois dedos de testa... alguém que conhece o Departamento e vai contar uma coisa destas... Hum... não me cheira. Então? Corta com o ganha-pão, como todos sabemos, ou queria ir e não o deixaram... O pior são as consequências, se alguma op. abortar ou se algum ** tiver no terreno quero ver como vai ser. Ah já agora, e a ser verdade, com colegas assim ... conheci alguns bandidos que me merecem mais respeito.

Anónimo disse...

Estas notícias, permanentes, a denegrir a honra e profissionalismo dos funcionários desta casa, só podem ter um objectivo: ACABAR COM A PJ!
As notícias que saem nos jornais e televisões neste país acerca da PJ, só servem para por em causa e questionar os métodos e os funcionários da Polícia Judiciária.
Toda a gente agora, é aquilo a que costumo chamar de "CSI de bancada", por comparação com o treinador de bancada. Toda a gente agora julga perceber de investigação criminal e julga poder comentar e questionar as diligências de investigação.
Uma das coisas que me custa mais é ver que na casa, não haja sequer um apoio, uma defesa, uma protecção àqueles que são visados.
Relativamente aos tótós licenciados, eu sou licenciado mas não me considero tótó e dou o meu corpo ao manifesto diariamente. Não acho que o facto de ser licenciado seja significado de bufar aos jornalistas, mas acredito que as posições hierárquicas superiores, são bastante mais suspeitas de bufaria.

Anónimo disse...

Companheiros Anónimos...

Não sei se já repararam... deixámos de dar tiros nos pés... neste momento, e dada a nossa inépcia, fomos subindo e estamos a apontar à cabeça... como tal é uma questão de tempo... quem porfia sempre alcança e como tal um dia deste alcançaremos esse desiderato... acabaremos por nos extinguir