terça-feira, 15 de julho de 2008

Repensar a Polícia Judiciária (2)...

Atendendo ao número de comentários que o «post» anterior suscitou, e no decurso de muitas das ideias ali expostas, lanço um novo desafio.
Pelo que se depreende dos diversos comentários, estão três grandes modelos de organização da investigação criminal (IC) em debate:

1. Polícia Judiciária dependente do Procurador Geral da República (o sistema mantém as competências de IC disseminadas pelos diversos OPC’s – PJ fica com a criminalidade complexa e altamente organizada);

2. Um corpo único de investigação criminal (a IC da PJ, GNR, PSP e SEF são integradas num corpo único – modelo da PJ até ao início dos anos 90);

3. Modelo actual.

Aguardo os vossos comentários.

Carlos Costa

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Repensar a Polícia Judiciária...

Para reflexão de todos aqueles que visitam este espaço.

«A Procuradoria Geral da República deveria dispor de dois departamentos autónomos (vice-procuradorias), administrativa e tecnicamente, carreiras distintas: MP e PJ. [O Director Nacional da PJ seria um dos vice-procuradores)».

Será que temos medo de pensar em cenários alternativos, pois já todos percebemos que a PJ definha a cada dia que passa.
Bom fim de semana e bons pensamentos...

Carlos Costa

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Mistérios da credibilidade...

«O Diário de Notícias de hoje ( notícia aqui, via In Verbis) , publica uma reportagem, com chamada destacada, na primeira página, sobre escutas e vigilância ilegal, supostamente realizada por um departamento da Polícia Judiciária.

O assunto, demasiado grave, assume contornos ainda mais misteriosos depois da negação peremptória dessa notícia, que o director nacional e um sub-director da PJ, fizeram, hoje de manhã, anunciando a instauração de um processo crime ao jornal e autor da notícia.

Pode dizer-se: é o mínimo, perante esta enormidade de escândalo que se anuncia.

E no entanto, o jornalista do DN, ouviu pelo menos uma fonte, da PJ, que citou outras fontes, também daquela polícia e que assumem o teor da notícia e a existência de encomendas, por quem tem poder para tal, no sentido da vigilância ilegal, ilegítima e criminosa, no fim de contas.

O modo como o jornal conta os pormenores rocambolescos do encontro com o "arrependido", da PJ, merecem destaque:

"À entrada do restaurante a fonte do DN olhou em volta e escolheu a mesa mais próxima da televisão. Pensamos nas notícias que lhe pudessem interessar. Porém, explicou tratar-se do lugar mais seguro para evitar que a conversa fosse escutada. Entretanto, percebemos que a nossa volta em redor do edifício, antes de entrarmos, servira para verificar se por ali estaria estacionada alguma viatura suspeita. Todos os cuidados são poucos. Aconteceu ali a conversa com alguém conhecedor dos fantasmas que, por vezes, provocam “barulhinhos” nos telemóveis. Os tais “barulhinhos” denunciados pelo Procurador-Geral da República, mas que acabaram em águas de bacalhau. Mas que existem…Segundo a nossa fonte, os meios de espionagem do Departamento Central de Prevenção e Apoio Tecnológico (DCPAT), a “secreta” da Policia Judiciária (PJ), são muitos e sofisticados.A “mala”, com capacidade para interceptar comunicações, consegue, por exemplo, registar os números e IMEI (número de série) dos telemóveis que se encontrem ligados num raio demais ou menos 100 metros. Aquele sistema encontra-se colocado numa viatura estrategicamente estacionada e, desde aí, os agentes podem, depois, escutar as conversas em tempo real. Tudo isto sem que as operadoras de telemóvel tomem conhecimento, e sem mandado judicial.Como apoio de uma viatura no exterior, o DCPAT tem também a capacidade de acompanhar em directo, por áudio e vídeo, a conversa entre um agente e um suspeito. A micro câmara é colocada, por exemplo, na gravata. Está igualmente apetrechado para anular a rede de telemóvel num determinado local. Isto impede, por exemplo, o accionamento de uma bomba por telefone.Estes meios, e muitos outros são usados, por vezes, à margem da lei. Os agentes nunca aparecem, para não terem de ser mudados. Mesmo se a missão é legal, no âmbito de uma investigação, os relatórios são assinados pelos inspectores encarregues do caso, assumindo-os perante o tribunal, como se tivessem sido eles a realizar as diligências. Ou seja, testemunham falso. Toda a gente sabe. "

Evidentemente, as suspeitas, como se pode ver, fundadas, no sentido de existência de algo anormal, recaem sobre pessoal da polícia que tem por objectivo recolher informação, sob um comando.

Esse comando, tem nomes de responsáveis directos, aliás indicados na notícia: João Carreira e Sá Teixeira.

É a honra profissional deles que fica em causa, com esta notícia do DN. Presumem-se inocentes, como todo o acusado sem provas declaradas válidas, por um tribunal.

Para nosso bem, esperamos que sejam verdadeiramente inocentes e sem mácula deste jaez. A dúvida, porém, já foi instalada e importa esclarecer tudo e no mais curto espaço de tempo possível.

Como? Não será certamente nos processos crime anunciados. Será efectivamente, através do apuramente da credibilidade que merece a notícia publicada, nomeadamente da sua fonte ou fontes directas. Nenhum jornalista está livre de acreditar num paranóico ou perturbado mental, decidido a contar histórias mirabolantes. Nenhum está livre de ser manipulado por um transviado do dever que decide trair uma instituição por motivos dúbios ou mesmo aceitáveis.

Mas todo o jornalista está obrigado a saber distinguir a verdade, de uma manipulação, através de perícia profissional de quem está habituado a sentir o feeling de verdade numa notícia.

Um denunciante deste calibre, só pode e tem de ser visto e ouvido como um autêntico "whistle blower", figura grada dos americanos e que por cá, se costuma apelidar de bufo, cobarde e outros epítetos reservados aos anónimos preocupados com o bem estar geral e comum.

E é isso que não sabemos da notícia do DN. Não podemos aferir a credibilidade da fonte do jornalista, porque não podemos saber se merece mesmo credibilidade. Saberá o jornalista ao menos, como parece indicar?

No jornalismo português, ao contrário de um certo jornalismo americano, com base nos Washington Post e New Yor Times, uma notícia destas, só sairia, com grande base de sustentação em factos recolhidos e aceites pela direcção do jornal como válidos. O exemplo, reside no caso Watergate e no que ele ensina ao jornalismo em geral.

O Diário de Notícias português merece a mesma credibilidade, num caso como este?

Tenho dúvidas. Sérias dúvidas, perante o modo como o jornal actuou em outros casos menores. E tenho dúvidas que a direcção do jornal tenha bem presente a gravidade e implicação séria do que acaba de publicar.

Assim, o que resulta da notícia do DN e do desmentido da direcção nacionald a PJ, é um enorme vazio de credibilidade indiscutível, que atinge tanto um como outro campo. No jornalismo, não podemos confiar cegamente em quem nos pode já ter iludido ou em quem não se assegurou previamente da gravidade de uma denúncia destas, recolhendo provas para além da mera denúncia de um qualquer arrependido feito "garganta funda".

Na PJ, não poderemos acreditar também, cega e piamente, porque estas coisas não se podem desmentir assim. Pode apenas desmentir-se que a PJ enquanto instituição, não pactua nem pode pactuar com estes métodos, ilegais e criminosos. Foi esse o sentido do desmentido, mas não é esse o motico da preocupação pública que já não é nova e até entidades oficias, o tem insinuado.

No entanto, nunca uma instituição, pode garantir que um ou outro dos seus membros, se tiver tempo, oportunidade e motivo para tal, não venha a cometer ilícitos dentro dos mesmos muros que albergam a direcção nacional da polícia. Como aliás, se comprovou recentemente, com a detecção de acções deste género, da responsabilidade de um agente.

Para a descoberta deste mistério, num sentido ou noutro, ou seja, para se saber, com saber certo, se alguém andou a pisar o risco da legalidade, só mesmo um Sherlock Holmes.

Ou um Columbo...

O que é dramático».

In; http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2008/07/mistrios-da-credibilidade.html#links

Repensar a Carreira de Investigação Criminal

Quando tomei posse como Agente Estagiário da Polícia Judiciária, há perto de 25 anos, a nossa estrutura orgânica era simples, clara e eficaz. De facto, os investigadores integravam equipas de trabalho com 5 ou 6 pessoas, designadas Brigadas que, por sua vez, em número de 2 a 4 se enquadravam em Secções, dirigidas por Inspectores e apoiadas por uma estrutura administrativa e de apoio. Não havia outras modalidades. Era só assim. Que saudade…

Penso que a entrada em vigor do Código de Processo Penal de 1987, potenciou alterações, de facto, nos conteúdos funcionais das várias categorias profissionais na nossa Polícia, e dessa forma, causou alguma confusão a nível da estrutura organizacional. Parece que ainda não se conseguiu ultrapassar essa situação.

Assim, hoje temos Brigadas com 2 funcionários e Brigadas com 9, equipas de trabalho com vários Inspectores e eufemísticamente designadas por Núcleos, Brigadas chefiadas por Inspectores, Secções dirigidas por Inspectores Chefes, outras dirigidas por Coordenadores Superiores, Secções sem um único Inspector Chefe… Enfim, é, hoje, muito difícil (eventualmente mesmo impossível) explicar (e compreender) a nossa organização hierárquica e administrativa.

De resto, as bases da diferenciação hierárquica tradicional assentavam, para além da competência, na antiguidade ou nas habilitações académicas. Ora estes dois últimos requisitos deixam de ter, cada vez mais, razão de ser, porque a antiguidade está, nos modelos de administração pública como o nosso, cada vez mais a ser posta de lado como valor para promoção (lembremo-nos do famoso “princípio de Peter”) e porque o nível académico de acesso é, hoje, o da licenciatura, comum a todos.

...

Sendo Inspector Chefe dos mais antigos (ainda fui Subinspector), não tenho dúvida em afirmar, com o devido respeito por outra opinião, que o modelo que parece mais adequado e correcto é o tradicional, e que o mesmo devia constar em regulamentação própria para poder ter força efectiva.

Assim, um Inspector Chefe serviria para chefiar uma Brigada, a qual teria um efectivo expressamente definido (por exemplo) entre os 4 e os 9 Inspectores, um Coordenador de Investigação Criminal teria a direcção de uma Secção, unidade orgânica integrando 2 a 4 Brigadas, e a um Coordenador Superior de Investigação Criminal competiria a gestão superior de um conjunto de Secções no seio de um departamento maior ou a direcção de Unidades orgânicas territorialmente autónomas. Admitir-se-ia a constituição dos tais Núcleos, de composição variável e existência temporalmente limitada, sempre que fosse necessário fazer face a um problema concreto e específico, um pouco à maneira dos “task groups” dos americanos. Tão simples como isto.

...

Contudo outras opiniões podem existir e outros modelos poderão ter de ser considerados. Os quatro níveis hierárquicos hoje existentes podem, eventualmente, ser considerados excessivos. Há serviços policiais estrangeiros nossos congéneres, com apenas duas categorias hierárquicas: os “special agents” e os “supervisors” no F.B.I., por exemplo. Na sua orgânica interna existem estruturas semelhantes às nossas Secções, com um “supervisor” e um grupo alargado de “special agents”, de onde se formam os “task groups”, com composição, duração e especificidades adequadas à tarefa concreta que lhes irá ser atribuída.

Assim passaríamos a ter, apenas, Coordenadores de Investigação Criminal e Inspectores e a nossa orgânica interna assentaria nas Secções de onde se constituiriam, sempre e quando necessário, Núcleos de Investigação, de composição e duração variáveis. Também assim se poderia trabalhar, eficaz e motivadamente.

Pode perguntar-se o que iria acontecer aos actuais Inspectores Chefes. Uma solução fácil e flexível seria, por exemplo, de facultar aos melhores deles, por meio de concurso ou mesmo de escolha, o acesso a cursos de promoção. Lembremo-nos que, com este novo modelo, o quadro de Coordenadores de Investigação Criminal teria, necessáriamente de ser aumentado. Aos mais antigos seria facilitada a passagem à disponibilidade, até atingirem a idade da aposentação. Os restantes, ficariam num quadro a extinguir quando vagasse, até reunirem as condições para concorrer à promoção ou à passagem à disponibilidade. Lembre-se que nem somos muitos. Devemos rondar os 150.

Quanto aos Inspectores, passariam a aceder directamente ao posto seguinte, o de Coordenador de Investigação Criminal, como hoje já podem fazer, mas assim (e a curto prazo), sem a concorrência dos Inspectores Chefes.

...

Fica a ideia. Penso ser a altura oportuna de analisar estes e outros aspectos. A estrutura da nossa carreira está para ser repensada face às alterações das carreiras na função pública e, de alguma forma, também somos parte interessada. Pode (e deve) ser, também, no seio da A.S.F.I.C.P.J. que este tema deve ser analisado e debatido.


João Fernandes Figueira
Associado nº 771 da A.S.F.I.C.P.J.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ainda o caso "Maddie"....

«O chamado 'caso Maddie' foi um desastre. Por mim, sempre me indignei com a ligeireza com que certos polícias, ex-polícias e jornalistas amigos de polícias insinuaram que os pais da crianças eram os responsáveis pela sua morte. Mesmo sem saberem se, de facto, havia morte.

Escrevi-o, disse-o na televisão e mantenho que, caso se provasse que o casal era culpado, eu perderia completamente a confiança na condição humana.

Pois bem, felizmente não perdi essa confiança, mas passei, infelizmente, a desconfiar muito mais dos nossos métodos de investigação.

O que me é dado entender é que a nossa polícia não investiga: faz conjecturas. O desplante com que um ex-polícia dizia qualquer coisa como 'não foi provado o crime, mas também não foi provado o rapto', mostra como certas pessoas na PJ se sentem mais magistrados, mesmo juízes, do que investigadores. E, para que não se pense que há corporativismo, o mesmo digo - sem qualquer hesitação - de certos jornalistas, para quem a verdade é o que lhe diz uma fonte da polícia, ainda que o bom senso contrarie a lógica dessa pretensa verdade.

A nossa polícia de investigação tinha os olhos do mundo sobre ela. O que fez foi desastroso. Transformou em arguido - com a arrogância própria de quem sabe que arguido é um termo esquivo - os pais de Maddie e, simultaneamente, enviou sub-repticiamente para a opinião pública sinais de uma conjectura que foram dando como se estivesse provada: que a menina tinha morrido e que os pais tinham ocultado o cadáver.

Poucos jornais (orgulho-me de o Expresso ter sido um deles) escaparam desta lógica. E, passados estes 14 meses, a mesma gente que alimentou um mito, acusou sem provas um casal a quem a filha lhe desaparecera e deu do nosso país uma imagem terceiro-mundista, não pede desculpa.

Ao contrário, desculpa-se.

Desculpa-se com poderes ocultos no processo, com o Governo inglês, com o que mais vier. É gente mesquinha, pequena, sem qualquer grandeza.

Alguns jornais chegam ao ponto de parecer ter esperança que o casal seja acusado de "exposição ao abandono", como se quem sopra essa hipótese não soubesse que jamais se poderá provar o dolo, ou seja a intenção, por parte do casal em abandonar a filha, requisito indispensável para tal acusação.

Enfim, um desastre total, o 'caso Maddie', apesar de toda a gente conhecer os riscos desta investigação. E, o pior, é que ninguém será responsabilizado por esta enormidade».

Henrique Monteiro, in Jornal EXPRESSO, 5 de Julho de 2008.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

CONVERSA ENTRE POLÍCIAS…

Quando, em fins de 1983 (já lá vão cerca de 25 anos) eu e alguns colegas, concluído o curso de formação na Escola, fomos colocados no Núcleo de Estágio a funcionar na então S.C.I.T.E./C.I.C.D., instalada ao fundo da Rua Conde de Redondo, ali fomos encontrar um grupo de investigadores policiais cujas características, individuais e de grupo, e a forma de trabalhar, nos levou (pelo menos à maior parte de nós) a ali querer ser definitivamente colocados.

De facto, a motivação e a dedicação ao serviço, o entusiasmo e alegria com que desempenhavam as suas funções, a competência e o profissionalismo que demonstravam foram, para nós, recém formados na Escola do Barro, a certeza de que a profissão que então iniciávamos se traduzia numa actividade plena de realização e numa carreira magnífica e com um futuro radioso.

Grande parte desses colegas eram sensivelmente da nossa idade, pouco mais antigos que nós, do curso imediatamente anterior e, assim, com o respectivo estágio recentemente terminado.

Entre eles estava o Gonçalo Amaral. Talvez com mais cabelo que agora e, eventualmente, um pouco menos pesado. No resto, era igual. Já na altura nos surpreendia a sua entrega à profissão, a competência que demonstrava, a segurança com que trabalhava, a coragem com que ia a todo o lado e enfrentava todo o tipo de situações e de adversários. Da mesma forma, era notória a boa disposição com que enfrentava as contrariedades e as adversidades da função, bem como a tolerância com que encarava as brincadeiras, às vezes irreverentes de um ou outro colega (e eu que o diga, que a consciência me acusa de o ter sido, não poucas vezes).

Posteriormente o Gonçalo viria a trabalhar em Faro e em Ponta Delgada. Sempre com a disponibilidade pessoal e a capacidade profissional que lhe são características. E em todas as inúmeras valências que revestem hoje o trabalho de um investigador da Polícia Judiciária. Investigando homicídios ou recolhendo informações sobre redes criminosas organizadas. Analisando documentação relativa a complexas movimentações financeiras ou capturando indivíduos perigosos. Sem fugir ás dificuldades nem esmorecer face às contrariedades. Dando a cara e indo à luta. Sempre.

De novo em Lisboa e no combate ao tráfico de droga, foi o Gonçalo nomeado, ainda como Agente, para chefiar uma Brigada de Investigação na D.C.I.T.E. Quem estava, nessa altura, nesse departamento, lembra-se que os resultados conseguidos por essa Brigada, sob a chefia carismática do Gonçalo Amaral, logo ultrapassaram a média das estatísticas. Os números conseguidos por si e pelos seus homens, quer quanto a indivíduos detidos, quer quanto a produto estupefaciente ou aos bens e valores apreendidos, quer, mesmo a condenações conseguidas em Tribunal marcaram uma época na D.C.I.T.E. e constituíram um exemplo.

Eu sei. Lembro-me bem. Estava lá.
Acumularia a chefia da Brigada com a condição de aluno universitário. E a sua forma característica de chefiar, sempre directa e frontal, num estilo de liderança permanente e plenamente assumido, sempre presente e sempre disponível, não o impossibilitou de, no mais curto espaço de tempo permitido, se licenciar em Direito. Não obstante a sua formação anterior ser de Engenharia.

Voltámos a encontrar-nos no curso de promoção a Subinspector. Uma vez mais o Gonçalo deu mostras da sua notável capacidade de trabalho, pois que fez este curso, intensivo e exigente, em acumulação com a chefia da Brigada de Investigação. Patente ficou, também e uma vez mais, a sua significativa capacidade de estudo, tendo concluído o curso em primeiro lugar entre 99 colegas.
Viria, posteriormente e na sequência lógica e natural da sua carreira profissional e do seu percurso de vida, a concorrer a Coordenador de Investigação Criminal e, como era de esperar, era promovido àquela categoria funcional pouco tempo depois.

Depois…
Bem, há cerca de um ano, todos nós assistimos, estupefactos, a uma espécie de espectáculo até então inédito entre nós. Como nos Autos de Fé do passado, certa comunicação social (principalmente inglesa, mas infelizmente não só essa) “derreteu” na praça pública um Homem da Polícia Judiciária portuguesa. Quadro superior da carreira de Investigação Criminal. Colega nosso e amigo de muitos de nós. Um assassínio de carácter como nenhum outro funcionário desta Casa tinha sido vítima até então. E porquê?
Porque, como sempre foi seu apanágio, o Dr. Gonçalo Amaral, Coordenador de Investigação Criminal da Polícia Judiciária, foi à luta, empenhou-se, assumiu, enfrentou, corajosa e decididamente, as dificuldades e as contrariedades de um caso de serviço muitíssimo complexo e de contornos ainda, e quiçá para sempre, indefinidos.

Talvez pela primeira vez na História da Polícia Judiciária, um investigador é exposto na praça pública e a sua vida privada devassada. Apenas por estar a investigar um determinado caso suspeito. Por estar a trabalhar. Talvez o Estado Português, a Administração Pública, a nossa Polícia Judiciária, devessem ter mecanismos para proteger os seus representantes em situações como esta. Para os resguardar no exercício da sua actividade profissional em proveito do Serviço Público. Talvez todos nós, colegas de profissão, nos devêssemos ter assumido e, fazendo jus ao famoso, tradicional e tão apregoado “Espírito de Corpo” que dizem característico da nossa “Casa”, nos devêssemos ter, de alguma forma, manifestado em apoio do Dr. Gonçalo Amaral.

Nada disso aconteceu. O Gonçalo ficou sozinho.
Se esta estratégia pegar, amanhã, face a arguidos poderosos e bem relacionados, poderão ser outros investigadores a sofrerem na pele esta provação. Poderá ser qualquer um de nós. E isso pode, de alguma forma, significar o fim da investigação criminal. Pelo menos da maneira como nós a encaramos e a desenvolvemos.

Que este caso nos sirva de reflexão. E de exemplo. E nos permita criar formas de evitar que se repita. A própria ASFICPJ deveria, talvez, analisar, séria, conscienciosa e exaustivamente, e de forma serena e construtiva, toda esta situação. É, também, sua obrigação.

Amigo Gonçalo, lamento sinceramente a tua saída da Polícia Judiciária, que me parece demasiado precoce porque admito que mais poderias dar à causa da Sociedade, da Justiça e do Serviço Público. A nossa “Casa”, para além disso, não dispõe de tantos recursos, em qualidade e quantidade, para se dar ao luxo de os não rentabilizar ou, pior ainda, de os deixar desperdiçar.

Resta-me, face à realidade dos factos, agradecer a tua amizade e desejar-te as maiores felicidades e os maiores sucessos na nova etapa da tua vida que agora decidiste iniciar.

Lisboa, 03 de Julho de 2008,

João Fernandes Figueira
Associado da A.S.F.I.C./P.J. nº. 711

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Grave, muito grave.

«A PSP não é controlada democraticamente - O GOE ao serviço dos Partidos e da Maçonaria
A PSP - Polícia de Segurança Pública - tem serviços secretos, de escuta ilegal, de espionagem , no GOE, o chamado Grupo de Operações Especiais .Tudo ilegal.»

Gravíssima esta afirmação. Será que alguém nos vais esclarecer?

Reunião da Direcção Nacional

A reunião foi adiada para o próximo dia 25, no Porto.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Reunião da Direcção Nacional

No próximo dia 18 de Junho vai reunir a DN da ASFIC/PJ. Da ordem de trabalhos consta a discussão do momento actual da PJ.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Requiem para a PJ


Uma reflexão sobre o futuro da Polícia Judiciária. Para pensarem...

Promessa

«Apesar dos constrangimentos nas admissões à Função Pública, a Polícia Judiciária – que no ano passado viu diminuir o seu número de inspectores de 1.378 para 1.333 – vai poder contar com vagas de contratação de 2009 do Ministério da Justiça, para mais inspectores.

O Ministério da Justiça canalizará todas as vagas disponíveis em 2009 – correspondentes a um quinto das saídas de 2008 de todo o Ministério – para um reduzido número de carreiras estratégicas, entre as quais estará a de investigação criminal da Polícia Judiciária».
Discurso de S. Exa. o Ministro da Justiça no ISPJCC em 21 de Maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Início da formação 39º CFIE

Hoje, pelas 15h00, o Sr. Ministro da Justiça preside à cerimónia de início do 39º Curso de Formação de Inspectores Estagiários, que decorrerá no Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais, no Barro em Loures.
A ASFIC/PJ deseja a todos as maiores felicidades e sucesso, pois bem precisamos da sua ajuda.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Esclarecedor

in Revista Sábado

Carreira de geometria variável

O que propõe para desbloquear a carreira no MP?

– Defendemos uma carreira de geometria variável, em que a progressão em termos remuneratórios não tenha necessariamente que coincidir com a progressão na carreira. Ou seja, desenvolvimento de ritmos diferenciados de progressão em função do mérito e da formação.

António Cluny - Sindicato dos magistrados do MP

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Lei da PJ no Constitucional

Recusando ser excluído do processo legislativo, o Presidente da República pediu ontem a fiscalização preventiva da constitucionalidade da nova lei orgânica da Polícia Judiciária (PJ), enviando-a para o Tribunal Constitucional (TC).

Pensamento do MP

Reflexão serena e muito interessante. Aconselho a ler o Dr. Paulo Dá Mesquita.

Reuinião com os directores

Segundo crónica, do sempre bem informado Correio da Manhã, Almeida Rodrigues já marcou a diferença com o seu antecessor. Anteontem, pelas 16h00, reuniu com os directores nacionais adjuntos e discutiu questões operacionais.
Foram debatidas situações concretas que afectam a imagem da instituição e feito o balanço dos processos mais sensíveis que podem fragilizar a credibilidade da Judiciária. O caso Maddie e as mortes de Sacavém e Oeiras foram analisadas, sendo trocadas impressões sobre a forma como os mesmos casos devem ser conduzidos.
A reunião foi a primeira dos últimos dois anos, já que Alípio Ribeiro nunca reuniu com os directores nacionais adjuntos. Os seus encontros foram sempre individuais, não havendo qualquer estratégia de conjunto, nem sequer a partilha de informação e experiências entre as directorias.
Na reunião já não esteve Manuel Gonçalves e Baltazar Pinto, cuja saída era dada como certa após a tomada de posse. Ambos abandonaram funções por não aceitarem a chefia de um polícia de carreira.

Esclarecedor

Cavaco quer ter última palavra nos poderes da PJ. Cavaco acaba por atrasar ainda mais reorganização da Judiciária. Será que temos mel?

Avisados a tempo e horas

Carlos Anjos, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC/PJ), considera que aprovar a regulamentação da nova lei orgânica da Polícia Judiciária por decreto não seria uma situação «digna» da instituição.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Os famosos artigos

Artigo 22.º
Estrutura

1 - A PJ compreende:
a) A Direcção Nacional;
b) As unidades nacionais;
c) As unidades territoriais;
d) As unidades regionais;
e) As unidades locais;
f) As unidades de apoio à investigação;
g) As unidades de suporte.
2 - As competências das unidades da PJ são estabelecidas em portaria conjunta a aprovar pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e da Justiça.
3 - A sede e a área geográfica de intervenção das unidades da PJ são estabelecidas em portaria a aprovar do membro do Governo responsável pela área da Justiça.
4 - As unidades da PJ podem ser organizadas em áreas, sectores ou núcleos, sendo o seu número máximo definido por portaria do membro do Governo responsável pela área da Justiça.

Artigo 29.º
Unidades territoriais, regionais e locais

1 - As competências, sede e área geográfica de intervenção das unidades territoriais, regionais e locais da PJ são estabelecidas nos termos das portarias referidas nos n.ºs 2 e 3 do artigo 22.º.
2 - As unidades regionais e locais funcionam na dependência de um funcionário da carreira de investigação criminal, nos termos fixados pelo Director Nacional.

Mais um prego no caixão

Presidente da República solicitou ao Tribunal Constitucional fiscalização preventiva do diploma que aprova nova orgânica da Polícia Judiciária.

O Presidente da República solicitou hoje ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade dos artigos 22º, nº 2 e 29º, nº 1 do diploma que aprova a nova orgânica da Polícia Judiciária.

Este pedido tem como fundamento de uma eventual violação de reserva de lei ou de reserva de decreto regulamentar, uma vez que aquelas normas remetem para simples portaria a futura aprovação de uma disciplina inovatória relativa à definição de competências específicas das unidades de uma força de segurança, das quais decorre a prática de actos de polícia passíveis de afectar direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

Especulações

Começou o disse que disse...

Preocupante

Como sabemos que o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente só se estranha como passou quase sem debate público a nova Lei de Segurança Interna.

O facto de o principal partido da oposição estar à procura de um novo líder não implica que o resto do país, e até uma parte do Partido Socialista, não se interrogue ou inquiete.

José Manuel Fernandes, in Jornal Público

Alertas



Ele há alertas do Diabo...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Polícia Judiciária e autonomia - papeis velhos

Para os interessados, chama-se a atenção para a série de comentários ( 3) de Paulo Dá Mesquita acerca da Polícia Judiciária e autonomia - papeis velhos...

O modelo francês de Polícia

O sistema francês de Polícia, herdeiro do sistema napoleónico, encontra-se distribuído por dois grandes corpos distintos e complementares (rivais?): A Polícia Nacional e a Guarda (Gendarmerie) Nacional.

A Gendarmerie Nacional é um Corpo militar puro, o 4º ramo das Forças Armadas Francesas e considerado o Exército do Interior, do dispositivo territorial e da quadrícula.

Em termos policiais, desempenha a generalidade das funções policiais em parte significativa do território francês, designadamente na sua componente rural e suburbana.

A sua estrutura é completamente militar, com Regimentos e Legiões e o seu quadro é, da mesma forma, exclusivamente militar, com patentes que vão do Gendarme ao General e com formação nas Academias e escolas militares.

A eventual futura passagem deste Corpo Militar da tutela do Ministério da Defesa Nacional, onde hoje se integra, para o Ministério do Interior, não lhe retirará o estatuto militar nem lhe alterará as competências.

A Polícia Nacional é um serviço, civil mas uniformizado, integrado no Ministério do Interior, ao qual cabe o exercício das funções policiais na parte essencialmente urbana do território francês, bem como algumas (poucas) competências exclusivas, como seja a segurança interna, a cooperação internacional, o controle dos aeroportos e das fronteiras, etc.

A sua organização assenta numa cúpula, a Direcção Geral da Polícia Nacional e em diversas estruturas autónomas especializadas, como a Polícia Judiciária (de alguma forma, a nossa congénere), a Polícia de Segurança Urbana (um pouco como a P.S.P.), a Polícia dos Aeroportos e Fronteiras (para nós será uma mistura das Divisões dos Aeroportos da P.S.P. com parte do S.E.F.), o Serviço de Cooperação Técnica Internacional de Polícia (integrando a Interpol, a Europol, o Gabinete Sirene e a gestão dos oficiais de ligação), as Companhias Republicanas de Segurança (o nosso Corpo de Intervenção da P.S.P., lá autonomizado), as Informações Gerais (uma espécie de S.I.S.), a Direcção de Vigilância do Território (que será, para nós, uma mistura do S.I.S com a D.C.C.B. e o D.C.P.A.T. da P.J.), etc.

O quadro orgânico é único e a formação é, também, conjunta.

O modelo de Polícia a aplicar, eventualmente, em Portugal:

Analisemos a realidade portuguesa actual:

1 – Está já prevista na Lei a criação do Secretariado Geral da Segurança Interna, como uma estrutura de cúpula (como que um chapéu ou guarda chuva comum) para coordenação de todas as Polícias.

2 – Está já lançada na Praça Pública, para discussão, a transferência da Polícia Judiciária para o Ministério da Administração Interna. Não faltará muito para se concretizar.

3 – O passo seguinte poderá ser, provavelmente, a formação policial passar a ser feita, no âmbito do Ministério da Administração Interna, conjuntamente e nas mesmas escolas e centros de formação.

4 – Logicamente, poder-se-á seguir a criação de um grande quadro unificado, de pessoal policial, no âmbito do Ministério da Administração Interna (ainda que com especialidades a extinguir quando vagar).

5 – Se se verificar a evolução acima prevista, poder-se-á seguir, obviamente e a médio ou a curto prazo, a criação de uma Polícia Nacional, à imagem do modelo francês acima descrito e, em consequência e objectivamente, a extinção da Polícia Judiciária, tal como nós a conhecemos.

Lisboa, 12 de Maio de 2008
João Fernandes Figueira

O Ministro inexistente

"Diz-se que Alípio Ribeiro é muito amigo de Alberto Costa e que essa terá sido um das razões por que foi nomeado director nacional da Polícia Judiciária. Mas Alberto Costa é ainda mais amigo de Alípio Ribeiro. A prova está no silêncio olímpico com que assistiu às cenas dos últimos capítulos na PJ e à forma como, para poupar o ex-director nacional, se diminuiu um pouco mais a si mesmo aos olhos do país.

O ex-director veio defender publicamente a vantagem de a instituição depender do Ministério da Administração Interna e não da Justiça, contra o que diz a lei orgânica da PJ aprovada há menos de um mês. Pode até ter razão. Mas, perante tal desacerto entre Governo e director, o ministro da Justiça só tinha uma saída: obviamente, demiti-lo.

Em vez disso, calou-se. E quem veio dizer o que ele devia ter dito foi a associação sindical da Judiciária, a qual imediatamente reclamou o afastamento do director. Tiro e queda: no dia seguinte estava a demissão consumada e um sucessor indicado - por sinal, o primeiro polícia de carreira a assumir a direcção nacional da PJ em toda a sua existência, uma reivindicação antiga entre os funcionários.

Surpreendida pela facilidade com que viu as suas pretensões satisfeitas, a associação congratulou-se. O ministro, esse só abriu a boca um dia depois para dizer que o "incidente" fora algo irrelevante. Ora, num país onde aumenta a criminalidade, mas diminuem drasticamente as detenções feitas pela PJ e em que mais de metade dos inquéritos por corrupção são arquivados porque falta matéria de acusação, a situação da Judiciária interessa-nos. Pena que Alberto Costa desvalorize o que por lá se passa. E que assuma o papel de ministro inexistente, dando ideia de que quem tutela de facto a PJ é a sua associação sindical".

Fernando Madrinha, in Expresso, 10 de Maio de 2008

A PJ e o modelo de investigação

O dirigente do sindicato dos magistrados do Ministério Público, António Cluny, defende neste artigo a manutenção da Polícia Judiciária na égide do Ministério da Justiça. E questiona as alterações ao modelo de investigação que têm sido introduzidas por leis avulsas.

Discurso de tomada de posse do senhor Director Nacional

A Polícia Judiciária tem-se afirmado como uma das instituições de referência do nosso país. Respeitada pelas suas congéneres estrangeiras, tornou-se num modelo a que aspiram alguns dos seus melhores investigadores.

Criada na primeira metade do século passado e alicerçada, desde cedo, no saber jurídico, no rigor científico e na proficiência técnica, que constituem a sua matriz essencial, a Polícia Judiciária tem-se revelado decisiva no âmbito da prevenção criminal, da investigação da criminalidade mais gravosa e da coadjuvação das autoridades judiciárias.

Para o saber jurídico foi determinante a acção de magistrados ilustres que, desde sempre e em vários patamares hierárquicos, dirigiram a Polícia Judiciária. Com gratidão os relembro e saúdo, esperando dar continuidade ao seu legado.

O rigor científico, conseguido através da Polícia Técnica, do Laboratório de Polícia Científica e da colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal, revelou-se crucial para a fiabilidade da prova e para a descoberta da verdade.

A proficiência técnica a nível investigatório deve-se à elevada formação académica e funcional dos investigadores e do pessoal de apoio que os coadjuva.

Esta confluência de factores gerou uma cultura organizacional sedimentada no êxito e no reconhecimento público que permitirá, com as mutações requeridas pelas alterações sociais e económicas, dar uma resposta eficaz às diversas formas de criminalidade.

Sou, como é consabido, fruto desta cultura organizacional que nos foi legada e estou imbuído, por isso, de absoluto respeito pelo Direito, pela fiabilidade probatória e pela constante necessidade de aperfeiçoamento que leva ao rigor técnico.

Tenho a certeza que este espírito acompanha os magistrados, os investigadores e demais funcionários que servem a Polícia Judiciária.

Balizados por estes princípios, servidos por recentes instrumentos normativos e norteados pela isenção, pelo denodo e pela coragem, seremos capazes de honrar os que deram a vida, a saúde e outros bens preciosos em defesa da sociedade.

Faremos isso em comunhão de esforços, com serenidade, em busca das melhores soluções que nos permitam adequar o modelo estruturante recentemente aprovado à prossecução do interesse público.

Buscaremos o diálogo entre instituições, baseado no respeito mútuo, na lealdade, na troca de saberes e de conhecimentos, na certeza de que todos não seremos demais para combater a criminalidade mais gravosa e de maior danosidade social. E tudo faremos para que, em relação à judicatura e ao Ministério Público, que sempre tomamos como nossos referentes próximos e sob cuja orientação processual actuamos, cada vez mais se aperfeiçoem os mecanismos de relacionamento e se estreitem os laços que nos unem.

A nossa luta será apenas contra o crime a que, no rigoroso respeito pelas normas jurídicas, não daremos tréguas.

Permitam-me que me dirija, por breves instantes, às mulheres e aos homens que servem a Polícia Judiciária: Meus amigos: lembrem-se que na luta contra o crime a PJ nunca recua. Mas, se tiver de o fazer, será apenas para tomar balanço.

Senhor Primeiro-Ministro, Senhor Ministro da Justiça:

Deram-me Vossas Excelências a honra de me tornar o primeiro Director Nacional da Polícia Judiciária oriundo da carreira de investigação criminal. Agradecendo a confiança que em mim se dignaram depositar, quero deixar claramente expresso o meu compromisso com os valores da Justiça e do Estado de Direito Democrático, que há muito são apanágio dos profissionais desta Casa.

Procurarei, sobretudo, fiel ao princípio “res, non verba”, que as minhas acções suplantem as palavras.

Muito Obrigado,
Lisboa, 09 de Maio de 2008.
J. Almeida Rodrigues

domingo, 11 de maio de 2008

O Director Nacional da PJ

Aqui fica a impressão digital de Moita Flores.

Tomada de posse do DN

A Polícia Judiciária manifestou, na sexta feira, de forma expressiva o seu apoio ao novo director nacional, o primeiro oriundo da carreira de investigação criminal, comparecendo em peso na tomada de posse de José Maria Almeida Rodrigues.

Santos Cabral

Em entrevista ao DN, sábado, 10 de Maio de 2008, o ex. Director Nacional defende que a PJ é uma polícia vocacionada para a investigação criminal de topo.

O modelo defendido pelo juíz conselheiro, passa pela existência de uma agência central, tal como foi adoptado em diversos países, nomeadamente na Alemanha, com o BKA, ou os EUA, com o FBI.

Apoio sem reservas

Se tivermos de recuar é apenas para tomar balanço... Almeida Rodrigues, Director Nacional da Polícia Judiciária

Para reflectir

A solução proposta pelo candicato à liderança do PSD, Pedro Passos Coelho, passa pela "concentração de todas as forças sob a mesma tutela e o que eu proponho é que seja o Ministério da Administração Interna a ficar com esse encargo, acolhendo todas as polícias, aumentado-lhes a funcionalidade".

O modelo de "chapéu único" que o antigo deputado do PSD defende implicaria ainda um acréscimo de responsabilidades para a Polícia Judiciária, que tinha funções de coordenação, sobretudo na sua relação com a PSP e o SEF.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Dignidade

Numa entrevista dada por Alípio Ribeiro à Rádio Renascença sobram elogios ao ministro e a garantia de que nunca sofreu qualquer tipo de pressão do Governo. É preciso afastarmos essa ideia de governamentalização da Judiciária, da Justiça, apela, contra os fantasmas que essa retórica traz à memória colectiva.

Alípio Ribeiro deu ontem uma última entrevista antes de abandonar formalmente a direcção nacional da Polícia Judiciária, garantindo que a decisão de apresentar a demissão foi formalizada ao ministro da Justiça na segunda-feira (dia em que as suas declarações ao Diário Económico, defendendo a mudança de tutela da instituição deram polémica) - mas acrescentando que a decisão estava no seu espírito há cerca de um mês.

Cansaço é a palavra que Alípio Ribeiro mais repete durante a entrevista à Rádio Renascença. Cansaço da exposição do cargo, sobretudo, mas também da demora da aprovação da lei orgânica da PJ - que lamenta, aliás, deixar feita sem a respectiva regulamentação. Esta é, no entanto, a única queixa (ainda assim, indirecta) que faz do poder político - ao caso, da maioria socialista no Parlamento.

Do ainda director nacional sobram, isso sim, elogios ao ministro e a garantia de que nunca sofreu qualquer tipo de pressão do Governo. É preciso afastarmos essa ideia de governamentalização da Judiciária, da Justiça, apela, contra os fantasmas que essa retórica traz à memória colectiva.

Também para Almeida Rodrigues, que a partir de hoje o substitui, ficam apenas elogios. Alípio Ribeiro assegura que falou com Alberto Costa sobre a sua sucessão e subscreve a opção por um homem da casa. Vejo como uma decisão perfeitamente natural, que será o caminho do futuro, garante, apontando Almeida Rodrigues como um homem de consenso, diálogo, culto, que conhece muito bem a polícia.

Há, claro, outras lamentações nos 30 minutos da entrevista. Desde um fui bastante castigado, para se referir à entrevista em que admitiu erros na condução do caso Maddie, passando pela incompreensão de que só pretendia pensar em voz alta sobre as soluções para os problemas da PJ, até à acusação de que há demasiadas fontes anónimas sobre a vida interna da Judiciária.

Quanto à própria força, Alípio Ribeiro diz deixar uma polícia mais aberta e cooperante, esperando que se torne menos uma polícia de casos e mais uma polícia de fenómenos - que saiba conjugar a sua actividade com as outras polícias.

Muito boa sorte e sucessos profissionais Dr. Alípio Ribeiro, são os votos sinceros da ASFIC/PJ.

Polícias e coutadas

"Finalmente um polícia a dirigir a Judiciária!
A possibilidade existe na lei mas nunca tinha sido aplicada – invariavelmente a escolha recaía num magistrado. O que sempre me pareceu errado.

Primeiro porque a preparação para a magistratura é contra-indicada para funções de direcção de pessoas e instituições. A sua formação assenta em matérias técnico-jurídicas, prescindindo-se da investigação criminal ou de elementos que favoreçam a liderança. Como, aliás, se demonstra ao analisar a maioria das escolhas para esses cargos. Mas, sobretudo, porque a nomeação de magistrados por decisão política resulta num perigo iminente para a independência do poder judicial: o nomeado fica numa relação de quase-favor que é de evitar.
Os protestos apenas espelham um corporativismo desvairado de quem teima em ver o País dividido em duas classes: a sua e a de todos os outros
".

Carlos de Abreu Amorin, in Correio da Manhã

Curriculum vitae

José Maria de Almeida Rodrigues é natural de Viseu, onde nasceu a 10 de Agosto de 1958 (49 anos), sendo licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

É coordenador superior de investigação criminal da Polícia Judiciária.

Exercia o cargo de subdirector nacional adjunto da PJ na Directoria de Coimbra desde 2006.

Em Agosto de 2004 foi nomeado director nacional adjunto da PJ, tendo representado a PJ em diversos eventos internacionais, designadamente na Cimeira de Chefes de Polícia e na Assembleia-Geral da Interpol.

Em Novembro de 2000 foi nomeado subdirector nacional adjunto na Directoria de Coimbra.

Em Agosto de 1999, foi nomeado responsável pela Inspecção de Aveiro da Polícia Judiciária e em Setembro do mesmo ano colaborou com o Instituto Nacional de Polícia e Ciências Criminais, tendo ministrado, na Directoria de Coimbra, um curso de formação jurídica na área do direito penal e direito processual penal.

Em Outubro de 1996, prestou assessoria técnica à Polícia Judiciária de Cabo Verde, tendo merecido público louvor do ministro da Justiça e da Administração Interna daquele país.

Em Novembro de 1995 foi nomeado responsável pela Secção Regional para o Combate à Corrupção, Fraudes e Infracções Económicas e Financeiras da Directoria de Coimbra da PJ.

Em Julho de 1991 colaborou com o Instituto Nacional de Polícia e Ciências Criminais na concepção e docência de cursos sobre tráfico e viciação de veículos automóveis, e em Outubro de 1990 orientou a formação de agentes estagiários.

Em Julho de 1982 tomou posse como agente estagiário na Directoria de Lisboa e em Novembro de 1981 iniciou o curso de formação de agentes estagiários na escola de Polícia Judiciária.

Foi o primeiro classificado no Curso de Inspectores, segundo no Curso de Coordenadores e primeiro no concurso para Coordenador Superior de Investigação Criminal.

Em 26 anos de carreira, com excepção da primeira classificação de serviço em que obteve Bom com distinção, foi sempre classificado com Muito Bom.

Chefe carismático

"Indivíduo que, pelas características próprias da sua personalidade, conquista a obediência e o respeito dos outros". Assim esperamos.
Hoje toma posse o Senhor Director Nacional, Dr. Almeida Rodrigues, pelas 15h30, no Salão Nobre do Ministério da Justiça.
Muito boa sorte.

«Chefe carismático», in Dicionário breve de História, Ed. Presença, Lisboa, 1996.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Uff...finalmente...

«Sou muito amigo do dr. Almeida Rodrigues, já trabalhei com ele várias vezes, mas também sou procurador-geral-adjunto com dez anos de cargo e por uma questão de estatuto não podia ficar na dependência hierárquica de um elemento policial »

Baltasar Pinto, Director Nacional-adjunto da Polícia Judiciária, ao JN

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Poucas saudades

Há pessoas que passam sem deixar saudades.

Edificante

É muito edificante ver as reacções coorporativas.

Breve Cronologia da Investigação Criminal em Portugal

1867 - Criação da Polícia Cívica, brevemente designada Polícia Civil, dependente do Ministério da Justiça do Reino e antecessora das actuais Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária e demais serviços de Polícia. Este Corpo surge por Decreto d´El-Rei D. Luís I e iniciativa de Martens Ferrão, na dependência do Ministério da Justiça do Reino e considera-se o antecessor das actuais Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária e demais serviços de Polícia, tendo-se instalado inicialmente no Distrito de Lisboa, com doze Esquadras e tendo como seu primeiro Comissário Geral, António Cau da Costa, logo substituído pelo coronel D. Diogo de Sousa; depois no Porto, sendo o seu primeiro Comissário Geral Adriano de Carvalho e Melo e, progressivamente e sem comando único ou direcção centralizada, nos outros distritos, assumindo a generalidade das funções de Polícia em todo território nacional europeu.

1893 - Autonomização das funções de investigação criminal no seio da Polícia Cívica de Lisboa, que passa a incluir a Repartição de Polícia de Investigação Judiciária e Preventiva, antecessora remota da actual Polícia Judiciária. Esta reorganização da Polícia Cívica de Lisboa, sob a acção do Major José de Morais Sarmento que se mantém em funções durante 17 anos até à implantação da República, passa a incluir as repartições, então criadas, de Polícia de Segurança Pública, antecessora directa da actual Polícia de Segurança Pública, de Polícia de Inspecção Administrativa, antecessora da Polícia Municipal de Lisboa e de Polícia de Investigação Judiciária e Preventiva, antecessora da actual Polícia Judiciária e dos demais Serviços Policiais de Segurança e de Informações.

1917 - Criação da Polícia de Investigação Criminal, serviço independente de Polícia antecessor directo da actual Polícia Judiciária, por Decreto do Presidente Sidónio País e assumindo algumas das funções até então cometidas à Polícia Cívica.

1927 - Transferência da Polícia de Investigação Criminal para o Ministério da Justiça e Cultos, na sequência da grande reforma da estrutura policial nacional, antecessora directa do sistema actualmente ainda em vigor e decorrente da alteração política então verificada em Portugal.
Verifica-se, ainda, a extinção definitiva da Polícia Cívica e a consequente e definitiva autonomização da Polícia de Segurança Pública.

1945 - Criação da Polícia Judiciária, em substituição da Polícia de Investigação Criminal, após uma nova grande reestruturação geral dos serviços de Polícia em Portugal.
Esta Polícia, sob a direcção do Juiz de Direito, Dr. Monteiro Júnior, mantém-se orgânicamente integrada no Ministério da Justiça.
1977 - Primeira grande reestruturação da Polícia Judiciária, sob a direcção do então Juiz de Direito Dr. Lourenço Martins, com vista a fazer face às novas realidades sociais e a enfrentar as novas formas de criminalidade organizada e transnacional.

2000 - Grande reforma da estrutura policial nacional com a aprovação da Lei de Organização de Investigação Criminal e, em consequência, segunda grande reestruturação da Polícia Judiciária.
Esta reforma foi iniciada pelo Dr. Fernando Negrão, Juiz de Direito e continuada sob a direcção do Dr. Luís Bonina, Procurador da República, com vista à especialização de funções nos campos da investigação do crime organizado, internacional e particularmente complexo, da centralização da informação criminal, da cooperação policial internacional e da coordenação operacional interna. Atribuição de competências alargadas no âmbito da investigação criminal à Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública.

Lisboa, 06 de Maio de 2008
João Fernandes Figueira

Parabéns




A Polícia Judiciária está de parabéns, um dos seus chegou a Director Nacional. Muito boa sorte.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Promessas

Veremos se há instalações para receber esses novos Inspectores.

Vida nova

A Polícia Judiciária está a precisar de uma liderança forte, que compreenda e racionalize a organização e motive os inspectores, de modo a imprimir uma nova operacionalidade e imagem deste corpo superior de polícia.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Basta

Está na altura de dizer, basta...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Nos tempos que correm...

Porque razão não deverá a PJ do Porto ter como seu Director um quadro oriundo da carreira de investigação criminal?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

LOPJ

A Proposta de Lei n.º 143/X – que aprova a orgânica da Polícia Judiciária, deu entrada na Assembleia da República dia 04-06-2007. Passados mais de seis meses a PJ continua sem diploma orgânico, caso único no Ministério da Justiça. Porquê?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Formação

Para todos aqueles que estejam interessados, dá-se conhecimento da seguinte formação: «1º Curso do Programa de Formação Avançada - Justiça XXI Garantias e eficácia no quadro da nova reforma penal».
http://www.ces.uc.pt/misc/formacao_avancada_justica_xxi_curso_1.php

Noite no Porto

Para reflectir...

http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/212317

Agência de comunicação

A quem servirá a cortina de fumo?

http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2008/01/ser-que-malta-do-pid-contratou-uma.html